A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), popularmente conhecida como "doença da vaca louca", é uma enfermidade neurodegenerativa fatal que afeta bovinos. Caracterizada pela degeneração progressiva do sistema nervoso central, a EEB ganhou notoriedade global nos anos 1980 e 1990 devido a surtos significativos, especialmente no Reino Unido.
Causas e Transmissão
A EEB é causada por príons, proteínas anormais que induzem outras proteínas normais a adotarem uma conformação patogênica. Nos bovinos, a transmissão ocorre principalmente pela ingestão de rações contaminadas com subprodutos de origem animal infectados, como farinhas de carne e ossos. Essa prática foi identificada como a principal via de disseminação durante os surtos históricos.
Os bovinos acometidos pela EEB apresentam sintomas neurológicos progressivos, incluindo:
- Alterações comportamentais, como nervosismo e agressividade.
- Dificuldade de locomoção, tremores e perda de coordenação.
- Perda de peso e redução na produção de leite.
Esses sinais clínicos geralmente surgem em animais adultos, com idade média de cinco anos, e progridem até o óbito.
A preocupação com a EEB intensificou-se ao ser estabelecida a ligação entre a ingestão de produtos bovinos contaminados e o desenvolvimento da variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vDCJ) em humanos. Essa condição é uma forma rara e fatal de encefalopatia espongiforme transmissível, caracterizada por:
- Demência progressiva.
- Distúrbios motores, como ataxia e mioclonia.
- Alterações sensoriais e comportamentais.
A vDCJ afeta predominantemente indivíduos jovens e possui um curso clínico rápido, levando ao óbito em poucos meses após o início dos sintomas.
Em resposta aos surtos, diversas medidas foram implementadas globalmente para controlar e prevenir a EEB:
- Proibição do uso de proteínas de ruminantes na alimentação de outros ruminantes.
- Monitoramento rigoroso dos rebanhos e rastreamento de casos suspeitos.
- Descarte adequado de materiais de risco específico, como cérebro e medula espinhal de bovinos com mais de 30 meses.
No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) mantém programas de vigilância ativa e passiva para a detecção precoce de casos, assegurando a sanidade do rebanho nacional.
Atualmente, a incidência de EEB é considerada baixa, graças às medidas de controle implementadas. No entanto, a vigilância contínua é essencial para prevenir novos casos e proteger a saúde pública. A conscientização sobre práticas seguras na alimentação animal e o cumprimento das regulamentações sanitárias permanecem fundamentais para manter a segurança alimentar e a confiança dos consumidores.